ENCERRANDO CICLOS:

Como Aceitar o Passado e Abraçar o Presente

Não há como recomeçar se continuamos carregando bagagens que já não nos servem mais.

Vera Ribeiro

Enquanto o ano se aproxima do fim, somos convidados a revisitar o caminho que percorremos. Mas será que estamos prontos para soltar o que já cumpriu seu papel?

Encerrar ciclos não é um ato de perda, mas de libertação.

Vamos juntos refletir sobre como podemos transformar o passado em um trampolim para o presente.

ENCERRANDO CICLOS: COMO ACEITAR O PASSADO E ABRAÇAR O PRESENTE

“Deixar ir para seguir em frente: o poder transformador de encerrar ciclos”

Encerrar ciclos não é algo natural para a maioria de nós. Temos a tendência de nos agarrar ao que conhecemos, mesmo quando isso já não nos faz bem. Um relacionamento que não evolui, um emprego que sufoca, ou até crenças que limitam nosso crescimento.

Por que é tão difícil soltar?

Na psicanálise, isso está profundamente relacionado ao medo do vazio. Deixar algo para trás pode nos confrontar com a sensação de falta ou com a ideia de que falhamos. No entanto, é nesse vazio que reside o espaço necessário para o novo.

O processo de aceitação do passado passa pela coragem de encarar nossas emoções reprimidas.

Pergunte-se:

  • Quais ciclos em minha vida já não fazem sentido?

  • Estou pronto para soltar o controle e confiar no desconhecido?

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

  1. Que acontecimentos deste ano você sente que já não precisam ser carregados para o próximo?

  2. Há algo que você evita enfrentar por medo de deixar ir?

  3. Como seria sua vida se você decidisse encerrar esse ciclo hoje?

ESTUDO DE CASO: QUANDO A AMIZADE CHEGA AO FIM

Era uma amizade que parecia inabalável, construída ao longo de anos. Compartilhavam confidências, conquistas e até mesmo os silêncios. Mas, como tantas coisas na vida, ela começou a mudar de forma sutil e silenciosa.

Pequenas decepções se acumulavam, conversas antes fluídas agora traziam desconforto, e, sem perceber, as expectativas sobre o outro se transformaram em cobranças veladas.

O que havia antes de mais bonito — o espaço seguro para ser quem eram — parecia ter se dissolvido.

Esse tipo de situação é mais comum do que imaginamos. Relacionamentos, sejam eles de amizade, amor ou trabalho, possuem ciclos próprios. E, às vezes, um ciclo precisa se encerrar para que ambos os lados possam continuar crescendo.

Uma das reflexões mais difíceis nesse processo é compreender que nem todo vínculo está destinado a durar para sempre.

Somos ensinados a valorizar a permanência, a medir o sucesso de um relacionamento pelo tempo que ele dura, e não pela qualidade ou significado que teve em nossas vidas.

Esse apego pode nos levar a insistir em conexões que já não servem mais ao nosso crescimento.

O ponto de virada veio quando uma das partes, depois de meses tentando salvar a amizade, percebeu que sua energia estava sendo drenada. Não havia mais reciprocidade.

Ela estava emocionalmente exausta, mas algo ainda a prendia: o medo de ser julgada, a culpa por desistir, a ideia de que “não se deve abandonar quem esteve ao seu lado no passado”.

No entanto, a mudança real começou quando ela ousou mudar a narrativa. Parou de se perguntar “o que fiz de errado?” e começou a refletir “o que essa amizade representou para mim e o que eu represento para ela agora?”

Foi nesse processo que ela percebeu algo crucial: às vezes, o maior ato de amor que podemos oferecer a um relacionamento é deixá-lo ir.

PROFUNDIDADE PSICANALÍTICA NO ESTUDO DE CASO

Em momentos como este, a psicanálise nos ajuda a entender que nosso apego pode estar enraizado em padrões internos. Muitas vezes, temos dificuldade de encerrar relações porque elas tocam feridas antigas, como o medo do abandono ou a necessidade de aprovação.

Quando insistimos em manter vínculos desgastados, muitas vezes estamos tentando reparar, inconscientemente, alguma relação do passado que não terminou bem.

Freud chamava isso de “repetição”. Repetimos padrões porque, no fundo, queremos corrigir o que antes nos feriu. É como tentar preencher uma lacuna emocional antiga usando um relacionamento atual.

Mas, como aprendemos na análise, a cura não está no outro, e sim na nossa capacidade de encarar essas feridas e deixá-las para trás.

No caso dessa amizade, o que parecia ser uma conexão essencial tornou-se um espelho para que a pessoa pudesse perceber suas próprias necessidades negligenciadas. O encerramento não foi um fracasso, mas uma oportunidade de crescimento.

Ao aceitar o fim, ela encontrou espaço para novas relações que fossem mais alinhadas à sua fase de vida atual.

REFLEXÕES PARA O LEITOR

1. Há alguma relação na sua vida que você mantém por culpa ou medo, mais do que por desejo genuíno?

2. Quando pensa em encerrar esse ciclo, quais são os sentimentos que emergem? Culpa, insegurança, medo de julgamento?

3. Que tipo de espaço emocional você poderia abrir para si mesmo ao deixar esse vínculo ir?

Encerrar ciclos em relações é um ato de coragem. É olhar para o passado com gratidão, sem carregar arrependimentos.

Não é sobre apagar histórias, mas sobre transformá-las em memórias que nos ensinam, nos fortalecem e nos libertam para novos começos.

Se você está nesse processo, permita-se a gentileza de aceitar seus sentimentos, mas lembre-se: o fim de algo não é o fim de tudo, é apenas a chance de escrever um novo capítulo.

INSIGHTS DA PSICANÁLISE

O Luto Simbólico: Deixar Ir Para Seguir em Frente

Como aprofundado no estudo de caso, encerrar ciclos exige passar por um luto simbólico, um conceito trabalhado por Freud. Esse luto não está relacionado apenas à perda de pessoas ou coisas concretas, mas à despedida de expectativas, sonhos ou até identidades que construímos ao longo do tempo.

Quando um ciclo termina, enfrentamos a desconfortável tarefa de nos desfazer de partes de nós mesmos que estavam ligadas àquele contexto. Por exemplo, ao encerrar uma amizade, não apenas perdemos a presença da outra pessoa, mas também a versão de nós mesmos que existia naquela relação.

Esse é o luto simbólico: o vazio que sentimos ao deixar para trás algo que ajudava a definir quem éramos.

POR QUE É TÃO DIFÍCIL?

A psicanálise nos ajuda a entender que o apego ao passado muitas vezes não é pelo que perdemos, mas pelo que projetávamos nele. Pode ser o desejo de sermos compreendidos, amados ou aceitos.

Quando soltamos esse ciclo, nos deparamos com o desafio de suprir essas necessidades por conta própria – um passo essencial para a maturidade emocional.

CONCLUSÃO PSICANALÍTICA

Encerrar ciclos não é apenas um ato de soltar, mas de renascer. É uma oportunidade de reintegrar os aprendizados ao seu senso de identidade e de criar um novo equilíbrio interno.

Ao passar por esse luto simbólico, você abre caminho para uma versão mais autêntica de si mesmo.

REFLEXÕES ATUAIS E RELEVANTES

“Por que é tão difícil soltar? A sociedade da permanência e o medo do vazio”

Em nossa cultura, somos ensinados a valorizar a estabilidade, a continuidade e a permanência. Relacionamentos duradouros, carreiras lineares e a capacidade de “segurar as pontas” são vistos como símbolos de sucesso.

Encerrar ciclos, por outro lado, é muitas vezes associado à ideia de fracasso, desistência ou instabilidade.

Mas será que essa visão está nos limitando? O medo de parecer vulnerável ou instável nos prende em situações que já não fazem sentido.

Esse apego social à permanência pode nos levar a um desgaste emocional e físico desnecessário.

O psicanalista francês Jacques Lacan, em seus estudos sobre o desejo, argumentava que somos muitas vezes movidos por algo que nem mesmo queremos, mas que acreditamos dever manter por causa do olhar do outro – o desejo de “ser visto como estável”.

Essa reflexão nos leva a questionar: quantos ciclos mantemos por medo do julgamento, e não porque ainda são significativos para nós?

Ao encerrar ciclos, estamos rompendo com essas expectativas externas e abraçando a coragem de buscar o que verdadeiramente ressoa com nosso momento presente.

CONVITE À REFLEXÃO

Para aprofundar ainda mais sua relação com este tema, reflita:

 Você consegue identificar um ciclo que mantém mais pela opinião alheia do que pelo seu desejo genuíno?

  Se pudesse soltar esse ciclo sem medo de julgamentos, como seria sua vida?

  O que você está deixando de conquistar ou vivenciar ao manter algo que já perdeu seu sentido?

Permita-se explorar essas perguntas em um momento de introspecção.

Você pode escrever em um diário ou simplesmente reservar alguns minutos do seu dia para meditar sobre elas.

 

ENCERRAMENTO E CHAMADO PARA AÇÃO

Encerrar ciclos é um ato revolucionário. É escolher o novo, o incerto, em vez de se apegar ao conhecido que já não alimenta sua alma.

Que tal começar hoje?

1. Reserve um momento para pensar em algo que deseja soltar.

2. Escreva sobre isso, reconhecendo o impacto positivo e negativo que teve em sua vida.

3. Escolha um gesto simbólico de despedida: pode ser um ritual simples, como apagar uma vela ou guardar algo físico que represente o ciclo em um local especial.

Este pequeno ato pode ser o início de uma grande transformação. E lembre-se: você não precisa fazer isso sozinho.

CONVITE À INTERAÇÃO

Queremos saber sua opinião!

Algum ciclo na sua vida está chegando ao fim?

• Como você está lidando com o processo de soltar e recomeçar?

• Já passou por uma experiência transformadora ao encerrar algo importante?

Envie seu relato, pensamento ou experiência! Ele pode ser destacado em nossa próxima edição, para que possamos criar uma rede de apoio e inspiração mútua. Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais – será um prazer ouvir você.

Explore meu site e descubra como a psicanálise pode ser a chave para o seu autoconhecimento.
Agende uma sessão e permita-se explorar todo o seu potencial, quebrando as barreiras que o mantêm paralisado.

NOTA DE FECHAMENTO E AGRADECIMENTO

Muito obrigada por estar aqui, lendo, refletindo e permitindo-se pensar sobre sua vida e seus ciclos. Encerrar não é fácil, mas é um ato de amor próprio e coragem que nos prepara para o novo.

Espero que esta edição tenha trazido insights valiosos e que você continue conosco nesta jornada de autoconhecimento e crescimento.

Nos vemos na próxima edição, com reflexões inspiradoras.

Até lá, cuide de si com gentileza e carinho!

Vera Ribeiro

 

Reply

or to participate.